segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sobre os sonhos

Há algo de surreal nos sonhos, sejam estes dos mais simples aos mais complexos. Todas as pessoas têm um sonho, por pior que sejam os sonhos ou por pior que sejam as pessoas, pois é dado um momento em que cada um deseja se desligar de sua realidade, ou, simplesmente, vêem nos sonhos a única forma de atingir um plano de vida que não conseguiram atingir.

Os bebês, por mais que não tenham conhecimento algum da vida, de alguma forma sonham com ela. Talvez os sonhos se resumam a imagens distorcidas de um mundo que não conhecem. Ou simplesmente sonham com as cores. As cores e seus movimentos, o que faz de seus sonhos algo agradavelmente puro. Quando criança, os sonhos variam. Aqueles mais preocupados com o futuro sonham em ser médicos, jogadores de futebol, veterinários. Outros sonham em conhecer o papai Noel, que a escola acabe logo ou que completem o álbum de figurinhas. As cores tomam forma, desvendando os traços da personalidade de cada um.

Na adolescência, os hormônios mexem com os sonhos e os sonhos mexem com os adolescentes. Os sonhos passam, então, a ser divididos entre os meninos e as meninas. As meninas sonham em ter um momento com o garoto que tanto gostam, sonham em ter um namorado e logo planos de uma vida eterna já são feitos. Os meninos sonham com videogames, carros e programas de computador. Ambos sonham com seus 18 anos, com a independência, com a aproximação de suas escolhas, se desligar dos pais e viver sua vida.

Com a maturidade, os sonhos focam-se na família e na carreira. Ser um profissional renomado, bem sucedido, com um carro e uma casa espaçosa, ganhar dinheiro e poder sustentar a família da melhor forma. Quando isso não se torna possível, a única solução aparente é sonhar com os números da megasena. Na velhice, os sonhos passam a ser mais modestos, mais tenros, mais sinceros: um fim de vida feliz, tranqüilo, aconchegante e simples.

O único problema dos sonhos, em bebês, crianças, jovens, adultos ou velhos, é que de repente se pode acordar.

sábado, 5 de julho de 2008

Meias, moletons e edredons... O inverno nunca foi tão frio. E com todo esse frio, me peguei lembrando de quando eu era pequeno. Lembro que eu dormia em um berço, com um travesseiro pequeno e um lençol azul escuro. Havia outros lençóis, mas o azul escuro, em especial, ficou registrado na minha mente. Era azul como um céu à noite, salpicado de pontos brancos e com heróis lutando no espaço. Lembro que quando chegava o inverno, minha mãe cobria o berço com um lençol grosso que o fazia parecer uma cabana. Daí eu ficava ali deitado, olhando pro teto da cabana e imaginando as figuras se movimentando, com a imaginação de criança. Até adormecer. E nada penetrava aquela estufa. Nada, exceto uma mão segurando uma mamadeira com um mingau quente e doce, era quando eu percebia que já era de manhã. E não precisava de ninguém, só daquilo, pra aquecer todo aquele inverno.